QUE ALÍVIO!!!!
Eram surpreendentes os finais de semana na casa da tia Vera. Adorava visitar o porão, escondida claro, e ficar horas e horas observando as compotas onde viviam as cobras do Julinho. Era tudo fascinante. Tinha uma que me olhava e parecia que a qualquer momento fosse saltar de dentro da compota pronta a me engolir. Certo dia algo deu errado.
- Por que eu não posso pegar, tia?
- Ai que nojo! Eca! Você não está vendo que não dá pra pegar?
- Dá sim, tia!
- Fique quieta, menina! Sente-se aí e espere que vou chamar o Julinho.
Era como se duas Bias estivessem em minha cabeça. Uma me dizia: - Faça o que a tia Vera mandou! Fique quieta! Obedeça! E a outra Bia, bem mais parecida comigo, me dizia: - Que nada, sua boba! Vá depressa antes que ela volte!
Chorava e me descabelava ao me ver naquela situação conflitante. O tempo passava e nada da tia Vera voltar. Foi então que pulei da cadeira, olhei para os lados pra me certificar que ninguém me veria e corri mais que depressa pra ver aquilo de perto.
Quando cheguei à escada que dava pro porão senti um arrepio, não sei se de medo do que me aguardava ou do castigo que tia Vera me daria por mais uma travessura, mas já que estava a um passo da “dita cuja” resolvi descer pra ver.
Que estrago! Era caquinho de vidro pra todo lado. Sem pensar, corri pra evitar que meu coelhinho fosse engolido pela cobra que vivia na compota do Julinho.
Eu disse pra tia Vera que dava pra pegar. Já pensou se eu não corresse pra salvar meu coelhinho de pelúcia?